domingo, 27 de fevereiro de 2011

PAI NOSSO por Allan Kardec

 
Orações Dominicais

Os Espíritos recomendaram que abríssemos esta coletânea com a Oração Dominical, não somente como prece, mas também como símbolo. De todas as preces, é a que eles consideram em primeiro lugar, seja porque nos vem do próprio Jesus (Mateus, VI: 9-13), seja porque ela pode substituir todas as outras, conforme a intenção que se lhe atribua.

É o mais perfeito modelo de concisão, verdadeira obra-prima de sublimidade, na sua simplicidade. Com efeito, sob a forma mais reduzida, ela consegue resumir todos os deveres do homem para com Deus, para consigo mesmo e para com o próximo.

Encerra ainda uma profissão de fé, um ato de adoração e submissão, o pedido das coisas necessárias à vida terrena e o princípio da caridade.

Dizê-la em intenção de alguém, é pedir para outro o que desejamos para nós mesmos.

Entretanto, em razão mesmo da sua brevidade, o sentido profundo que algumas das suas palavras encerram escapa à maioria.

Isso porque geralmente a proferem sem pensar no sentido de cada uma de suas frases.

Proferem-na como uma fórmula, cuja eficácia é proporcional ao número de vezes que for repetida.

Esse número é quase sempre cabalístico: o três, o sete ou o nove, em virtude da antiga crença supersticiosa no poder dos números, e do seu uso nas práticas de magia.

Para preencher o vazio que a concisão desta prece nos deixa ajuntamos a cada uma de suas proposições, segundo o conselho e com a assistência dos Bons Espíritos, um comentário que lhes esclarece o sentido e as aplicações.

De acordo comas circunstâncias e o tempo de que se disponha, pode-se pois dizer a Oração Dominical em sua forma simples ou desenvolvida.


I – Pai nosso, que estais no céu, santificado seja o vosso nome!

Cremos em vós, Senhor, porque tudo nos revela o vosso poder e a vossa bondade.

A harmonia do Universo e a prova de uma sabedoria, de uma prudência, e de previdência que ultrapassam todas as faculdades humanas.

O nome de um Ser soberamente grande e sábio está inscrito em todas as obras da criação, desde a relva humilde e do menor inseto, até os astros que movem no espaço.

Por toda parte, vemos a prova de uma solicitude paternal.

Cego, pois, é aquele que não vos glorifica nas vossas obras, orgulhoso aquele que não vos louva, e ingrato àquele que não vos rende graças.


II – Venha a nós o vosso Reino!

Senhor, destes aos homens leis plenas de sabedoria, que os fariam felizes, se eles as observassem.

Com essas leis, poderiam estabelecer a paz e a justiça, e poderiam ajudar-se mutuamente, em vez de mutuamente se prejudicarem, como o fazem.

O forte ampararia o fraco, em vez de esmagá-lo. Evitados seriam os males que nascem dos abusos e dos excessos de toda espécie.

Toda as misérias deste mundo decorrem da violação das vossas leis, porque não há uma única infração que não traga suas conseqüências fatais.

Destes ao animal o instinto que lhe traça os limites do necessário, e ele naturalmente se conforma com isso.

Mas ao homem, além do instinto, destes a inteligência e a razão.

E lhe destes ainda a liberdade de observar ou violar aquelas das vossas leis que pessoalmente lhe concernem, ou seja, a faculdade de escolher entre o bem e o mal, para que ele tenha o mérito e a responsabilidade dos seus atos.

Ninguém pode pretextar ignorância das vossas leis, porque, na vossa paternal providência, quisestes que elas fossem gravadas na consciência de cada um, sem nenhuma distinção de cultos ou de nacionalidades.

Assim, aqueles que as violam, é porque vos desprezam.

Chegará o dia em que, segundo a vossa promessa, todos as praticarão.

Então a incredulidade terá desaparecido, todos vos reconhecerão como o Soberano Senhor de todas as coisas, e primado de vossas leis estabelecerá o vosso Reino na Terra.

Dignai-vos, Senhor, de apressar o seu advento, dando aos homens a luz necessária para se conduzirem no caminho da verdade!


III – Seja feita a vossa vontade, assim na Terra como no céu!

Se a submissão é um dever do filho para com o pai, do inferior para como superior, quanto maior não será a da criatura para com seu Criador!

Fazer a vossa vontade, Senhor, é observar as vossas leis e submeter-se sem lamentações aos vossos desígnios divinos.

O homem se tornará submisso, quando compreender que sois a fonte de toda a sabedoria, e que sem vós ele nada pode.

Fará então a vossa vontade na Terra, como os eleitos a fazem no céu.


IV – O pão nosso, de cada dia, dai-nos hoje!

Dai-nos o alimento necessário à manutenção das forças físicas, e dai-nos também o alimento espiritual, para o desenvolvimento do nosso espírito.

O animal encontra a sua pastagem, mas o homem deve o seu alimento à sua própria atividade e aos recursos da sua inteligência, porque o criastes livre.

Vós lhe dissestes:

“Amassarás o teu pão com o suor do teu rosto”, e com isso fizestes do trabalho uma obrigação, que o leva a exercitar a sua inteligência na procura dos meios de prover às suas necessidades e atender ao seu bem estar: uns pelo trabalho material, outros pelo trabalho intelectual.

Sem o trabalho, ele permaneceria estacionário e não poderia aspirar à felicidade dos Espíritos Superiores.

Assistis ao homem de boa vontade, que em vós confia para o necessário, mas não aquele que se compraz na ociosidade e gostaria de tudo obter sem esforço, nem ao que busca o supérfluo. (Cap. XXV)

Quantos há que sucumbem por sua própria culpa, pela sua incúria, pela sua imprevidência ou pela sua ambição, por não terem querido contentar-se com que lhes destes!

São esses os artífices do próprio infortúnio, e não tem o direito de queixar-se, pois são punidos naquilo mesmo em que pecaram.

Mas mesmo a eles não abandonais, porque sois infinitamente misericordioso, e lhes estendeis a mão providencial, desde que, como filho pródigo, retornem sinceramente para vós. (Cap.V, nº 4).

Antes de nos lamentarmos de nossa sorte, perguntemos se ela é a nossa própria obra; a cada desgraça que nos atinja, verifiquemos se não poderíamos tê-la evitados; repitamos a nós mesmos que Deus nos deu a inteligência para sairmos do atoleiro, e que de nós depende aplicá-la bem.

Desde que a lei do trabalho condiciona a vida do homem na Terra, dai-nos a coragem e a força de cumpri-la; dai-nos também a prudência e a moderação, a fim de não pormos a perder os seus frutos.

Dai-nos pois, Senhor, o pão nosso de cada dia, ou seja, os meios de adquirir pelo trabalho as coisas necessárias, pois ninguém tem o direito de reclamar o supérfluo.

Se estivemos impossibilitados de trabalhar, que confiemos na vossa divina providência.

Se estiver nos Vossos desígnios provar-nos com as mais duras privações, não obstante os nossos esforços, aceitamo-lo como uma justa expiação das faltas que tivermos podido cometer nesta vida ou numa vida anterior, porque sabemos que sois justo, e que não há penas imerecidas, pois jamais castigais sem causa.

Preservai-nos, ó Senhor, de conceber a inveja contra os que possuem aquilo que não temos, ou mesmo contra os que dispõem do supérfluo, quando nos falta o necessário.

Perdoai-lhes, se esquecem à lei de caridade e de amor ao próximo, que ensinastes. (Cap. XVI, nº

Afastai ainda do nosso espírito a idéia de negar a vossa justiça, ao ver a prosperidade do mal e a infelicidade que abate às vezes o homem de bem.

Pois já sabemos, graças às novas luzes que ainda nos destes, que a vossa justiça sempre se cumpre e não faz exceção de ninguém; que a prosperidade material do maldoso é tão efêmera como a sua existência corporal, acarretando-lhe terríveis revezes, enquanto será eterno o júbio daquele que sofre com resignação. (Cap. V, nº 7, 9, 12 e 18).


V – Perdoai as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos que nos devem. Perdoai-nos as ofensas como nós perdoamos aos que nos ofenderam.

Cada uma das nossas infrações às vossas leis, Senhor, é uma ofensa que vos fazemos, e uma dívida contraída, que cedo ou tarde teremos de pagar.

Solicitamos à vossa infinita misericórdia a sua remissão, sob a promessa de empregarmos os nossos esforços em não contrair outras.

Fizestes da caridade, para todos nós, uma lei expressa; mas a caridade não consiste unicamente em assistirmos os nossos semelhantes nas suas necessidades, pois consiste ainda no esquecimento e no perdão das ofensas.

Com que direito reclamaríamos a vossa indulgência, se faltamos com ela para aqueles de que nos queixamos?

Dai-nos, Senhor, a força de sufocar em nosso íntimo todo ressentimento, todo ódio e todo rancor. Fazei que a morte não nos surpreenda com nenhum desejo de vingança no coração.

Se vos aprouver retirar-nos hoje mesmo deste mundo, fazei que possamos nos apresentar a vós inteiramente limpos de animosidade, a exemplo do Cristo, cujas últimas palavras foram em favor dos seus algozes. (Cap. X).

As perseguições que os maus nos fazem sofrer são parte das nossas provas terrenas; devemos aceitá-las sem murmurar, como todas as outras provas, sem maldizer os que, com as suas perversidades, nos abrem o caminho da felicidade eterna, pois vós nos dissestes, nas palavras de Jesus:

“Bem-aventurados os que sofrem pela justiça!”
.

Abençoemos, pois, a mão que nos fere e nos humilha, porque as mortificações do corpo nos fortalecem a alma, e seremos levantados da nossa humildade. (Cap. XII, nº 4).

Bendito seja o vosso nome, Senhor, por nos haverdes ensinado que a nossa sorte não está irrevogavelmente fixada após a morte; que encontraremos, em outras existências, os meios de resgatar e reparar as nossas faltas passadas, e de realizar numa nova vida aquilo que nesta não pudemos fazer, para o nosso adiantamento. (Cap. IV; cap. V, nº 5).

Assim se explicam, enfim, todas as aparentes anomalias da vida: a luz é lançada sobre o nosso passado e o nosso futuro, como um sinal resplendente da vossa soberana justiça e da vossa infinita bondade.


VI – Não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal.

Dai-nos, Senhor, a força de resistir às sugestões dos maus Espíritos, que tentarão desviar-nos da senda do bem, inspirando-nos maus pensamentos.

Mas nós somos, nós mesmos, Espíritos imperfeitos, encarnados na Terra para expiar nossas faltas e nos melhorarmos.

A causa do mal está em nós próprios, e os maus Espíritos apenas se aproveitam de nossas tendências viciosas, nas quais nos entretêm, para nos tentarem.

Cada imperfeição é uma porta aberta às suas influências, enquanto eles são impotentes e renunciam a qualquer tentativa contra os seres perfeitos.

Tudo o que possamos fazer para afastá-los será inútil, se não lhes opusermos uma vontade inquebrantável na prática do bem, com absoluta renúncia ao mal.

É, pois, contra nós mesmos que devemos dirigir os nossos esforços, e então os maus Espíritos se afastarão naturalmente, porque o mal é o que os atrai, enquanto o bem os repele.

Senhor, amparai-nos em nossa fraqueza, inspirai-nos, pela voz dos nossos anjos guardiões e dos Bons Espíritos, à vontade de corrigirmos as nossas imperfeições, a fim de fecharmos a nossa alma ao acesso dos Espíritos impuros.

O mal não é portanto, vossa obra, Senhor, porque a fonte de todo o bem não pode engenhar nenhum mal.

Somos nós mesmos que o criamos, ao infringir as vossas leis, e pelo mau uso que fazemos da liberdade que nos concedestes.

Quando os homens observarem as vossas leis, o mal desaparecerá da Terra, como já desapareceu dos mundos mais adiantados.

Não existe para ninguém a fatalidade do mal, que só parece irresistível para aqueles que nele se comprazem. Se tivermos vontade de fazê-lo, também poderemos ter a de fazer o bem.

E é por isso, ó Senhor, que solicitamos a vossa assistência e a dos Bons Espíritos, para resistirmos à tentação.


VII – Assim seja!

Que vos apraza, Senhor, a realização dos nossos desejos! Inclinamo-nos, porém, diante da vossa infinita sabedoria.

Em todas as coisas que não nos é dado compreender, que sejam feitas segundo a vossa santa vontade e não segundo a nossa, porque vós só quereis o nosso bem, e sabeis melhor do que nós o que nos convém.

Nós vos dirigimos esta prece, Senhor, por nós mesmos, mas também por todas as criaturas sofredoras, encarnadas e desencarnadas, por nossos amigos e por nossos inimigos, por todos os que reclamam a nossa assistência, e em particular por Fulano.

Suplicamos para todos a vossa misericórdia e a vossa benção.
O Evangelho Segundo o Espiritismo

Por ALLAN KARDEC – Tradução de José Herculano Pires

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

GPJ Litoral e o Meio Ambiente


Colaboração de Sandro Santos
Mais uma vez, o Projeto de verão, Trocando Ideias, que já é uma realidade em nosso Movimento Espírita nas férias escolares, representado pelo GPJ da 10ª Região, tratou das questões Meio Ambiente e Preservação de nossa Casa - o Planeta Terra, dessa vez, sediado pelo nosso Litoral, na cidade de Capão da Canoa.
O evento contou com a participação de 29 pessoas, dentre evangelizandos e evangelizadores, com destaque na excelente participação da juventude da casa sede, S.E..Allan Kardec, que elucidou a importância de nossos hábitos diários e como eles impactam o meio ambiente, da importância de estarmos alertas quanto a influência da mídia na sociedade voltada ao consumismo e lucro abusivo, bem como da importância de verificarmos como nossa casa espírita pode contribuir para a preservação de nosso planeta e a consequente valorização da vida, voltada ao direcionamento, respeito e Amor ao nosso Criador e toda sua Obra.

Contribuição de Sandro Santos

O Trocando Idéias do dia 08.02 na FERGS ficou a cargo do GPJ Litoral Norte.
 
Participaram do encontro 42 pessoas, onde o assunto em foco foi meio ambiente. A atividade foi conduzida com o objetivo de despertar a conscientização do impacto de nossos hábitos no meio ambiente e as consequências espirituais resultantes da negligência do assunto.
 
Os presentes assistiram as colocações a respeito da criação Divina e sua obra Perfeita, da importância do uso consciente dos recursos naturais e daqueles criados pelo homem para a menor interferência possível para com o meio ambiente e para com nosso planeta.
  O grupo foi dividido em três oficinas:

* Qual a participação da casa espírita para o meio ambiente?
* Como meus hábitos impactam no meio ambiente?
* Influências da mídia na sociedade.
 
Os trabalhos foram encerrados com a música Prece, de José Carlos Freixo.

A reflexão sobre o meio ambiente e nossa interação com o mesmo é necessária e proveitosa em todos os setores, mas entre os jovens torna-se uma benção de esclarecimento e esperança. Que possamos auxiliar na construção de um mundo melhor!

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

PRIMEIRAS LIÇÕES DE MORAL DA INFÂNCIA.


PRIMEIRAS LIÇÕES DE MORAL DA INFÂNCIA. 
por Allan Kardec

De todas as pragas morais da sociedade, o egoísmo parece a mais difícil de desenraizar; ela é tanto mais, com efeito, quanto é entretida pelos próprios hábitos da educação.
Parece que se toma, desde o berço, a tarefa de excitar certas paixões que se tornam mais tarde uma segunda natureza, e se espanta dos vícios da sociedade, então que as crianças os sugam com o leite. Eis disso um exemplo que, como cada um pode julgá-lo, pertence mais à regra do que à exceção.
Numa família de nosso conhecimento há uma pequena filha de quatro a cinco anos, de uma inteligência rara, mas que tem os pequenos defeitos das crianças mimadas, quer
dizer, que ela é um pouco caprichosa, chorosa, teimosa, e não diz sempre obrigado quando se lhe dá alguma coisa, essa cujos pais têm grandemente interesse em corrigi-la,
porque, à parte esses defeitos, ela tem um coração de ouro, expressão consagrada. Vejamos como se empenham para tirar essas pequenas nódoas e conservar ao ouro a sua
pureza.
Um dia, havia sido trazido um bolo à criança, e, como é geralmente o hábito, se lhe disse: "Tu o comerás se fores obediente;" primeira lição de guloseima. Quantas vezes não
chega a dizer, à mesa, a uma criança, que não comerá de tal gulodice se chorar. "Faze isto, faze aquilo, se lhe diz, e tu terás do creme" ou alguma outra coisa que possa lhe fazer
inveja; e a criança se constrange, não por razão, mas tendo em vista satisfazer um desejo sensual que a aguilhoa. É bem pior ainda quando se lhe diz, o que não é menos freqüente, que se dará sua porção a um outro; aqui não é mais a gulodice só que está em jogo, é a inveja; a criança fará isso que se lhe manda, não só para ter, mas que um outro não tenha. Quer se lhe dar uma lição de generosidade? diga-se-lhe: "dá esse fruto ou esse
ou esse brinquedo a um tal." Se ela recusa, não se deixe de acrescentar, para simular nela um bom sentimento: "Eu te darei um outro dele;" de maneira que a criança não se
decida a ser generosa senão quando está certa de nada perder.
Fomos um dia testemunha de um fato muito característico nesse gênero. Era uma criança de dois anos e meio mais ou menos, a quem se havia feito semelhante ameaça,
acrescentando-lhe: "Nós o daremos ao irmãozinho, e tu não o terás;" e, para tornar a lição mais sensível, coloca-se a porção sobre o prato deste; mas o irmãozinho, tomando a coisa a sério, come a porção. Em vista disso, a outra se torna vermelha e seria preciso não ser nem o pai nem a mãe para não ver o estrondo de cólera e de ódio que jorra de seus olhos. A semente foi lançada; pode produzir bom grão?
Retornemos à pequenina da qual falamos. Como não toma nenhuma conta da ameaça, sabendo por experiência que será executada raramente, esta vez se fez mais firme,
porque compreendeu-se que seria preciso dominar esse pequeno caráter e não esperar que a idade lhe venha dar um mau hábito. E preciso formar as crianças cedo, dizia-se;
máxima muito sábia, e, para colocá-la em prática, eis como se a toma." Eu te prometo, lhe diz sua mãe, que se tu não obedeceres, amanhã de manhã, a primeira pequena pobre
que passar, dar-lhe-ei teu bolo." O que foi dito foi feito; esta vez queria-se resistir e lhe dar uma boa lição. No dia seguinte de manhã, pois, tendo percebido uma pequena vizinha na rua, fê-la entrar, e se obrigou a filhinha a tomá-la pela mão e a lhe dar, ela mesma, seu bolo. Sobre isso, louvores dados à sua docilidade. Moralidade: a filhinha disse: "É indiferente, se soubesse disto, teria me apressado em comer meu bolo ontem;" e todo o mundo de aplaudir a essa resposta espirituosa. A criança, com efeito, recebeu uma grande lição, mas uma lição do mais puro egoísmo, do qual não deixará de se aproveitar numa outra vez, porque ela sabe agora o que custa a generosidade forçada; resta saber que frutos dará mais tarde essa semente, quando, mais idosa, a criança fará a aplicação dessa moral em coisas mais sérias do que um bolo. Sabem-se todos os pensamentos que só esse fato pôde fazer germinar nessa jovem cabeça? Como se quer, depois disso, que uma criança não seja egoísta quando, em lugar de despertar nela o prazer de dar, e de lhe representar a felicidade daquele que recebe, se lhe impõe um sacrifício como punição? Não
é inspirar a aversão pelo ato de dar, e por aqueles que têm necessidade? Um outro hábito igualmente freqüente é o de punir uma criança vendo-a comer, na cozinha, com os domésticos.
A punição está menos na exclusão da mesa do que na humilhação de ir à das pessoas de serviço. Assim se encontra inoculado, desde a mais tenra infância, o vírus da
sensualidade, do egoísmo, do orgulho, do desprezo aos inferiores, das paixões, em uma palavra, que são, com razão, consideradas como as pragas da Humanidade. É preciso ser dotado de uma natureza excepcionalmente boa para resistir a tais influências, produzidas na idade mais impressionável, onde elas não podem encontrar contrapeso nem na vontade nem na experiência. Por pouco, pois, que o germe das más paixões aí se encontre, o que é o caso mais comum, tendo em vista a natureza da maioria dos Espíritos que se encarnam sobre a Terra, não pode senão se desenvolver sob Essas influências, ao passo que seria preciso tentar descobrir-lhe os menores traços, para abafá-las.
Essa falta, sem dúvida, está nos pais, mas aqueles pecam freqüentemente, é preciso dize-lo, mais por ignorância do que por má vontade; em muitos, incontestavelmente, há
uma negligência culpável, mas em outros a intenção é boa, é o remédio que não vale nada ou que é mal aplicado. Sendo os primeiros médicos da alma de seus filhos, deveriam estar instruídos, não só de seus deveres, mas dos meios de cumpri-los; não basta ao médico saber que deve procurar curar, é preciso que saiba como deve fazê-lo. Ora, para os pais, onde estão os meios de se instruírem sobre essa parte tão importante de sua tarefa?
Dá-se às mulheres muita instrução hoje; fazem-na suportar exames rigorosos mas jamais foi exigido de uma mãe que ela saiba como deve fazer para formar o moral de seu filho?
São-lhes ensinadas receitas do governo da casa; mas se a iniciou nos mil segredos de governar os jovens corações? Os pais são, pois, abandonados sem guia à sua iniciativa,
é por isso que, freqüentemente, tomam um falso caminho; também recolhem, nos erros de seus filhos tornados grandes, o fruto amargo de sua experiência ou de uma ternura mal combinada, e a sociedade toda disso recebe o contra-golpe.
Uma vez que está reconhecido que o egoísmo e o orgulho são a fonte da maioria das misérias humanas, que enquanto reinarem sobre a Terra, não se podem esperar nem
paz, nem caridade, nem fraternidade, é preciso, pois, atacá-los no seu estado de embrião, sem esperar que sejam vivazes.
Pode o Espiritismo remediar esse mal? Sem nenhuma dúvida, e não hesitamos em dizer que só ele é bastante poderoso para fazê-lo cessar: pelo novo ponto de vista sob o
qual faz encarar a missão e a responsabilidade dos pais; fazendo conhecer a fonte das qualidades inatas, boas ou más; mostrando-lhes a ação que se pode exercer sobre os
Espíritos encarnados e desencarnados; dando-lhes a fé inabalável que sanciona os deveres; enfim, moralizando com isso os próprios pais. Já prova sua eficácia pela maneira
mais racional da qual as crianças são educadas nas famílias verdadeiramente espíritas.
Os novos horizontes que o Espiritismo abre fazem ver as coisas de maneira diferente; sendo seu objetivo o progresso moral da Humanidade, forçosamente deverá levar a luz
sobre a séria questão da educação moral, fonte primeira da moralização das massas. Um dia compreender-se-á que esse ramo da educação tem seus princípios, suas regras, como a educação intelectual, em uma palavra, que é uma verdadeira ciência; um dia, talvez, se imporá a toda mãe de família a obrigação de possuir esses conhecimentos, como se impõe ao advogado a de conhecer o Direito.
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Fonte: Revista Espírita - Jornal de Estudos Psicológicos - Ano VII - Fevereiro de 1864 - nº 2
por Allan Kardec

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Regimento Interno GPJ 10 Regiao Federativa

 
Objetivo do GPJ
Geral:
a)Fortalecer o movimento jovem espírita;
b)Preservar a pureza doutrinaria e promover a fraternidade;
Específico:
a)Divulgar a Doutrina Espírita e fortalecer o movimento juvenil dentro do espiritismo;
b)Colaborar com as atividades das casas CRE10, dando prioridade aos jovens e demais atividades no DIJ UNIME, DIJ FERGS.
Participantes do GPJ
-Do Jovem:
a)Frequentar assiduamente os encontros (aulas) de evangelização espírita no centro espírita;
b)Estar envolvido com os ideais espíritas;
c)Ter espírito de cooperação, vontade de servir e noções bem definidas de responsabilidade.
(sugestão/recomendação - jovens que estejam na evangelização a pelo menos 1 ano, de forma assídua)
-Do Evangelizador:
a)Freqüentar assiduamente os encontros de evangelização, e alem de coordenador de juventude, o evangelizador deve conhecer o jovem;
b)Acreditar no jovem;
c)Disponibilidade para a acompanhar os jovens nas reuniões e em novas atividades;
d)Ter espírito de cooperação, vontade de servir e noções bem definidas de responsabilidade.
Frequencia das reuniões
a)Toda ausência deverá ser justificada, se possível previamente;
b)É de responsabilidade do evangelizador justificar as faltas do jovem;
b1)O evangelizador terá que questionar o interesse do jovem de permanência no GPJ;
b2)O evangelizador deve deixar claro ao jovem que o seu afastamento implica a não participação dos eventos no ano corrente como integrante do GPJ;
b3)Este jovem, uma vez participante do GPJ, poderá retornar somente no ano seguinte, caso deseje. Exceções serão avaliadas pelo GPJ;
b4)O evangelizador fica responsável pela comunicação do afastamento do jovem;
c)Para os jovens que entrarem no segundo semestre do ano, fica em período de experiência até a efetivação no ano seguinte;
d) As reuniões se darão mensalmente, com duração de em torno de três horas, no sábado de cada mês, intercalando entre as casas espíritas dos participantes.
Entrada do jovem no GPJ
a)Efetiva-se a partir do momento em que é preenchido e assinado as fichas de cadastros
Organização da coordenação
a)As eleições para Coordenador, Vice-coordenador e Secretário dar-se-á anualmente, no mês de dezembro, com direito de reeleição;
b)A coordenação será formada através da vontade do jovem em se pré dispor em assumir uma função e escolhido pela maioria, mediante a sua efetivação no GPJ ;
b1)Caso ninguém se manifeste será escolhido por consenso;
c)As eleições far-se-á necessário a participação de 50% dos jovens e evangelizadores;
d)Terá direito a voz e não votam os que não possuem cadastro;
Funções do Coordenador
a)Cabe ao coordenador fazer cumprir o regimento interno e conduzir a reunião;
b)Convocar os participantes, através de e-mail ou telefone, para as reuniões;
c)Organizar a pauta da reunião, dentro dos objetivos do GPJ;
d)Coordenar a divulgação para as casas do trabalho do GPJ;
Funções do Vice Coordenador
a)Assumir sempre que o Coordenador estiver impossibilitado e também sempre atende as solicitações do coordenador das atividades;
Funções do Primeiro Secretario
a)Redigir as Atas dos encontros;
b)Lista de Presenças;
Funções do Segundo Secretario
a)Ler correspondências que foram enviadas e recebidas;
b)Manter atualizado o cadastro e autorizações;

Regimento
a)No caso da necessidade de alteração deste regimento far-se-á em reunião por votação da maioria;
b)Este regimento entra em vigor a partir desta data.


11 de dezembro de 2010.

Encontro Estadual de Evangelizadores

Saiu o cartaz do EEE 2011. As inscrições já estão abertas.Vagas limitadíssimas! Garantam já seu lugar, pois chegando à lotação, não aceitaremos mais inscrições!